Para aprender a não desconversar




CARTUM, Sudão — "Os criminosos são os líderes dos Estados Unidos e da Europa", afirmou nesta quinta-feira o presidente sudanês Omar Al-Bashir numa grande manifestação em Cartum em protesto pela ordem de detenção emitida contra ele pela Corte Penal Internacional (CPI).

Milhares de sudaneses participaram na manifestação no centro da capital sudanesa.

"Deus é maior. Não há outro Deus que Alá", afirmou Al-Bashir aos simpatizantes na Praça dos Mártires.

O presidente sudanês acusou os Estados Unidos de "genocídios contra os índios da América do Norte, em Hiroshima e no Vietnam".

Al-Bashir, que chegou ao poder graças a um golpe de Estado em 1989, criticou o que chamou de "neocolonialismo" da CPI e das instituições internacionais.

"Há 20 anos estamos sob a pressão do neocolonialismo e de seus instrumentos como a CPI, o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional", completou.

Os manifestantes ripostaram contra os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e os "judeus", assim como o promotor da CPI, o argentino Luis Moreno Ocampo, que solicitou aos juízes a ordem de prisão contra Al-Bashir.

A CPI emitiu na quarta-feira uma ordem de prisão contra Bashir por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na região sudanesa de Darfur, sacudida por uma guerra civil que provocou 300.000 mortes segundo a ONU e 10.000 de acordo com Cartum.

Al-Bashir repetiu nos últimos meses que a CPI é o resultado de um "golpe 100% sionista" para desestabilizar o Sudão.

A União Africana (UA) reunir-se-á nesta quinta-feira para analisar a ordem de prisão contra Al-Bashir, que o bloco já afirmou que prejudica o processo de paz no Sudão.

Mas a Organização da Conferência Islâmica (OCI) condenou a ordem de prisão. A decisão pode ter consequências negativas na tentativa de resolver o conflito em Darfur, afirma num comunicado o secretário-geral da OCI, Ekmeleddin Ihsanoglu.

A nota acrescenta que a ordem emitida pelos juízes do tribunal de Haia também pode ameaçar a estabilidade no Sudão e em toda a região.

A OCI pede ainda ao Conselho de Segurança da ONU que bloqueie a decisão da CPI, ao mesmo tempo que insta o governo sudanês a acelerar as investigações e os julgamentos dos supostos crimes de guerra.

O presidente da Assembleia Geral da ONU, o nicaraguano Miguel D'Escoto, também manifestou.se, declarando que "lamenta" a decisão da Corte Penal Internacional.

"Lamento esta decisão da CPI e penso que está mais motivada por razões políticas que pelo desejo real de fazer avançar a causa da justiça no mundo", afirmou D'Escoto.


Mais se sabe que o presidente Al-Bashir deu ordem de expulsão às ONG's estrangeiras que operam no Sudão.

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