Kassubódi – fenómeno social ou desporto?




Já lá vão vários anos que se fala em kassubódi. O que antes era conotado como um simples assalto de “piratinhas” ganhou nome, alterou seu estatuto e ainda registou-se, mesmo sem ajuda de pai ou mãe. Pressupõe-se que este famoso fenómeno (já não sei se devo assim chamar-lhe – já chegamos lá) seja um imigrante, convidado de deportados cabo-verdianos dos Estados Unidos, filho de um tal Cash or Body.

O facto é que o kassubódi, anteriormente residente em Santiago ter-se-á tornado num autêntico macho cabo-verdiano, dispersando vários filhos, especialmente pelas ilhas de Santiago e de São Vicente. Penso que em Santiago os irmãos do kassubódi, por afinidade ou devido a uma maior aproximação genealógica, sejam mais violentos, donos de ideias maléficas e, muitas vezes grandes amantes de toda a espécie de arma.

Vejamos agora o caso de São Vicente. Para começar kassubódi, geralmente um assalto feito com o auxílio de arma branca e raramente com um único elemento, é um nome originário de Santiago, o que demonstra que o bairrismo entre badius e sampadjudos de que muito se fala aqui não se aplica. O facto é que está a tornar-se em algo irritante e que os mindelenses já começam a pensar em banir deste tão pacífico ambiente, custe o que custar. Aqueles (na verdade uma grande maioria) que são mais comodistas até o chamam, amigavelmente de kassu. Coisas de mindelenses...

A questão que se põe agora é: depois de tantos kassubódis e de tanto alastramento e, tendo em conta as muitas circunstâncias estranhas e caricatas em que ocorrem, o que pensar – estaremos perante um fenómeno (entende-se mal social) ou a um mero desporto praticado por elementos da mais reles espécie? Terá a polícia perdido o interesse em delitos desta espécie, enquanto um bando de desocupados tentam espalhar um relativo terror pela cidade e arredores? É claro que são muitas as vítimas de kassubódis. Mas muitos kassubodistas começam a transformar-se vítimas de pessoas que sabem dizer chega! Pessoas que já se cansaram de ser vítimas ou de verem os seus se transformarem em vítimas. As zonas de ataque são praticamente bem definidas e as pessoas que por aí passam transportam apenas o mínimo para suas necessidades, ou mesmo nada. Geralmente os assaltantes são jovens de tenra idade que andam à procura de dinheiro para comprar droga. E assim, tudo vale, dinheiro, relógios, jóias, telemóveis, mp3, vestuário, etc.

Uma das zonas que se tem tornado num ponto fulcral de ataque é a do Fonte Meio, Madeiralzinho, onde moro. Não fui vítima de kassubódi, mas meu carro já recebeu vários kassubodistas, a ponto de ser acordado pela madrugada pela Polícia Nacional (Piquete) que estava à minha porta por ter recebido um telefonema que havia um grupo assaltando o meu carro. Na verdade, muita gente já foi assaltada nessa zona, numa média de um assalto por dia. Quantas pessoas foram detidas nessa zona? Zero! Mas os moradores deixam um aviso: já capturam um indivíduo que só foi entregue à polícia depois de ter levado uma valente surra e já prometeram capturar mais. E digo mais, devido à fúria que se tem instaurado no seio do pessoal dessa zona, ou a polícia faz alguma coisa, ou já começo a ter pena dos assaltantes. É que esses pensam não terem nada a perder e nem sempre escolhem a melhor pessoa para assaltar. Não confundam que por escolherem mulheres ou homens de menor robustez física o seu acto seja sempre bem sucedido. Nem quero pensar...

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